O sono dos justos
Estudo publicado na Harvard Business Review revela que o sono dos justos existe: a falta de sono contribui para altos níveis de comportamento antiético no trabalho.
A expressão sono dos justos, que significa descanso merecido, vem de um livro do século 17 chamado “História abreviada de Porto Real”, do dramaturgo francês Jean Racine.
O escritor fala sobre Madre Angélica, freira de Porto Real, que após uma morte sofrida teria encontrado o sono dos justos: “Elle s’endormit du sommeil des justes” (“Ela dormiu o sono dos justos”).
De acordo com o estudo conduzido por Christopher M. Barnes e publicado na prestigiada Harvard Business Review, o sono interfere na nossa ética, nos tornando mais justos – ou antiéticos. Christopher comprovou que a falta de sono pode levar a altos níveis de comportamento antiético, a partir da diminuição do chamado autocontrole.
O ambiente de trabalho é repleto de tentações: desde o pequeno impulso de reivindicar crédito pelo trabalho de outra pessoa, passando pela falta de escrúpulos de mentir em um contexto de negociação, até o ato criminoso de relatar números financeiros errados.
Ética no trabalho está ligada ao sono
Pesquisas indicam que a capacidade de autocontrole é um dos fatores determinantes para uma pessoa se manter ética – especialmente no ambiente do trabalho.
Fisiologicamente, o processo de autocontrole ocorre em grande parte na região do córtex pré-frontal do cérebro e usa glicose como combustível. Assim, usar o autocontrole consome esse combustível, que pode se esgotar. E quando o autocontrole se esgota, as pessoas são mais propensas a ceder às tentações de se comportar de forma antiética.
Por outro lado, outras pesquisas recentes mostraram também que enquanto o sono restaura a glicose no córtex pré-frontal, sua privação pode drenar esse precioso nutriente de autocontrole.
Além disso, não é preciso uma intensa privação de sono para que os desvios de comportamento sejam evidentes. Em um dos estudos houve uma diferença de apenas 22 minutos de sono entre aqueles que trapacearam e os que agiram de forma ética. Também nos estudos de campo, uma variação de 2 horas de sono por noite foi suficiente para que se identificasse um comportamento antiético no trabalho no dia seguinte.
A assustadora conclusão é a de que a crescente crise de sono no mundo pode acabar acarretando uma crise ética também.
“As organizações precisam ter mais respeito pelo sono. Executivos e gerentes devem ter em mente que, quanto mais pressionam os funcionários para trabalharem tarde, chegarem mais cedo ao escritório e responderem e-mails e chamadas a qualquer hora, mais estão abrindo as portas da empresa para comportamentos antiéticos”.
Christopher M. Barnes, autor do estudo
Na próxima vez que seu chefe perguntar “o que você faz da meia-noite às seis”, responda sem medo que está reabastecendo seu autocontrole para se manter produtivo e ético no trabalho.
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